terça-feira, 8 de julho de 2008

14 - A importância do IG (índice glicémico) na saúde e no bem estar


Pesem os quase 200 anos da ciência alimentar, a alimentação humana continua um mistério científico, tanto que a própria medicina nem sempre a considera como factor de saúde e bem-estar e só há bem pouco tempo começou a "olhar" para os seus benefícios "em certos casos de doença", mesmo por maior que seja a evidência da influência dos alimentos ingeridos na doença e bem-estar do homem.

Ainda recentemente uma equipe de investigadores do Instituto Max Planck demonstrou quanto a alimentação pode ter tido um papel-chave na evolução humana (usando ratinhos, durante duas semanas alimentou um grupo com dieta dos chimpazés e outro com comida da cantina do instituto ou com fast-food. No final, os fígados dos ratinhos exibiam diferenças genéticas iguais às existentes entre humano e chimpazés).

Particularmente até ao séc XVIII a alimentação humana foi empírica e instintiva. Ainda hoje , se não influenciada pelo marketing comercial, continua demasiado empírica - cultural - mas menos instintiva, o que a torna de péssima qualidade! Em minha opinião deve dar-se voz à voz-do-povo corrigindo-a com o que a ciência da nutrição nos vai mostrando e ensinando, tomando-se muito cuidado com as "verdades", sobretudo com "as verdades absolutas" e mais ainda com as "verdades" de outra culturas.
A alimentação popular natural tem em conta as condições geográficas onde se vive. Os organismos "enlouqueceram" com a industrialização - os alimentos deixaram de ser vitalizadores e nutritivos e passaram a ser apenas calóricos, alimentos mortos (cadáveres) sem, ou com muito pouco valor nutritivo; o enriquecimento nutritivo industrial dos alimentos é muito recente e, sendo industrial, não deixa de ter os seus riscos - e mais ainda quando se aceitou o globalização alimentar.
A presença de vitaminas (fonte de vida), de minerais e de enzimas foi secundarizada, esquecida. O homem tornou-se no obeso de hoje, um poço de doenças pelo desgaste prematuro de seus órgãos. Um deles, o mais frágil e sem capacidade de regeneração, é o pâncreas que, comportando-se como caminho sem saída, "obrigou" a que se começasse a olhar para o factor do seu desgaste: o índice glicémico dos alimentos (IG).

Para facilitar as escolhas dos alimentos e promover uma alimentação mais saudável, existem várias formas de classificar os alimentos: a mais comum limita-se a indicar o valor calórico e o teor de proteínas, de hidratos de carbono e de gorduras. Outras referem vitaminas e minerais e outras, mais atentas, fazem a diferenciação dos diferentes hidratos de carbono e das diferentes gorduras presentes no alimento.

Os hidratos de carbono (à frente designados por HC) são essenciais na dieta diária. Devem representar cerca de 1/4 do volume da alimentação [ver pirâmide alimentar] e deve-se consumir de todos - solúveis, lenhosos, simples e complexos - porque, além da energia que fornecem ao organismo, fornecem ainda diferentes vitaminas, minerais e enzimas que de outra forma não são ingeridas e ajudam à libertação dos dejectos metabólicos - resíduos mórbidos resultantes dos alimentos e da actividade celular orgânica, que a não serem expulsos são causa de um largo espectro de doenças.

Se quanto à função, os HC poderão ser iguais, o mesmo não se poderá dizer quanto à velocidade a que são absorvidos pelo organismo, e ISSO TEM IMPACTO DIRECTO NA SAÚDE HUMANA. Durante a digestão, os HC, independentemente da sua complexidade são reduzidos a pequenas moléculas (açúcares simples) que se tornam no combustível das nossas células, depois de absorvidas e disponibilizadas no sangue.
A metabolização de cada nutriente - proteína, HC ou gordura - requer uma enzima adequada. A ausência ou insuficiência dessa enzima é causa de perturbação digestiva - aguda, crónica ou irreversível - que a persistir de modo repetitivo vira doença - aguda, crónica ou irreversível.

No caso dos HC, ainda que a sua digestão comece no acto da mastigação, a enzima em apreço é a insulina que funciona como termostato regulador da quantidade de açúcar no sangue - a glicose. A falta ou excesso de glicose no organismo é causa de estados alterados de saúde - hipoglicemia, mais rara, ou hiperglicemia (diabetes), mais frequente.
Quando se comem alimentos ricos em HC simples há um pico de "energia" - de açúcar no sangue -, e duas coisas podem acontecer:
1. - num organismo com um pâncreas sádio,
o pâncreas consegue produzir a quantidade de insulina necessária à regulação do nível de glicose no sangue e poderá não se verificar nenhuma manifestação de doença, mas caso essa ingestão tenha sido acima do necessário:
1.a. - ou a pessoa tem uma actividade física imediata e queima as calorias no momento em excesso,
1.b. - ou esse acúcar é transformado em gordura - o organismo tem uma informação ancestral de sobrevivência e nada rejeita, antes acumula como reserva - e depositado em lugares predeterminados - o mais perigoso é a chamada cintura abdominal (ver abaixo) - sendo que neste caso o pâncreas vê-se obrigado a trabalhar cada vez mais, até que a insulina produzida se torna insuficiente e o organismo tem cada vez mais dificuldade em absorver o açúcar proveniente dos alimentos abrindo-se então a porta a duas patologias simultâneas : excesso de peso e diabetes.

2. - num organismo com um pâncreas menos sádio, mesmo que não se tenha ingerido uma grande quantidade de açúcares directos, o organismo (o pâncreas) já não tem capacidade de produzir a quantidade de insulina necessária à regulação da glicose no sangue e o pico de açúcar pode, num extremo, conduzir ao coma hiperglicémico mesmo em situações de baixa de peso.
Neste caso é sempre recomendado a actividade física regular e maior atenção ao teor IG.

O Índice Glicémico (IG) é uma medida que permite classificar os alimentos de acordo com a sua capacidade para elevar os níveis de açúcar no sangue (glicemia).

Os alimentos com um IG elevado contêm hidratos de carbono que são digeridos e absorvidos mais rapidamente que aqueles com um IG baixo, provocando um pico glicémico. Esta entrada repentina de açúcar no sangue obriga o organismo a accionar mecanismos de compensação para manter os níveis de glicose no sangue, o que, acontecendo frequentemente, além de desgastar o pâncreas, pode causar alterações na quantidade de gordura do nosso corpo - IMC - e danos em vários órgãos.

Os alimentos com baixo IG são digeridos e absorvidos lentamente produzindo aumentos graduais nos níveis de glicose no sangue permitindo ao organismo usá-lo com benefícios evidentes para a saúde.

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